O Colégio Universitário Geraldo Reis - COLUNI/UFF desenvolve todos os anos o projeto Pibiquinho. Atrelado ao PIBIC, concede bolsas a alunos que participam de projetos de pesquisa idealizados pelos professores da instituição. Como professora de História do COLUNI, orientei o projeto Narrativas Multimidiáticas junto a alunos do segundo segmento do Ensino Fundamental. Abaixo, compartilho com você um texto meu que faz um balanço afetivo sobre a experiência, parte do E-Book lançado em parceria com o projeto Narrativas Infanto-Juvenis, coordenado pela professora Aldaléa Figueiredo.
O projeto que virou pintura
Um dia
sonhei que a escola era como uma tela de pintura coletiva, todos pintavam com o
dedo, misturando as tintas e os traçados. Não tinha essa coisa de diferenciar
se era professor, aluno ou funcionário, todo mundo pintava porque a escola era
todo esse mundo. E surgiam arco-íris, sóis de diversas tonalidades, pássaros,
corações e outros desenhos que a gente entende mas que ainda não deram nome. Um
dia sonhei essa escola, e como não esquecia passei, pouco a pouco, a pintar
essa tela por onde eu ia. Essa pintura, me trouxe até aqui.
Você já deve ser percebido que educação e arte podem se misturar,
não é? Para acontecer, a arte precisa de caminhos para comunicar, na verdade,
toda informação precisa de um caminho para chegar até alguém. Esse meio por
onde as informações passam chamamos de mídia, ela pode ser uma tecnologia como
uma caneta ou um celular, e pode também ser o nosso próprio corpo. De tanto
pensar o caminho da informação que podia virar arte, pensei num projeto que
poderia fazer com que a nossa pintura fosse multimidiática. Como já dizia um
sábio “o ser humano não é uma ilha” e busquei ajuda para fazer a ideia
acontecer.
Com a professora Aldaléa, pensamos que as narrativas não são
apenas escritas e nesse caminhar surgiram muitas ideias e vontades. Da
experimentação audiovisual, encontramos as animações. E foram muitas, vimos as
de massinha, com recortes, outras com imagens cortadas fazendo um stop-motion e até com peças de lego. Ver
nos deixava curiosos e nada melhor do que fazer para aprender! Das conversas
passamos aos story-boards, que eram
desenhos dos filmes que gostaríamos de fazer. Alguns viraram filme, outros não.
Porque a gente aprendia que o mais importante não era o filme pronto e sim a
forma como caminhávamos até ele.
Aos poucos fui percebendo que nossos encontros semanais na Sala
de Leitura não acabavam quando íamos embora, a impressão era de que havia eco,
um eco bom de ouvir. Quando eu chegava no 7o ano como professora,
para falar da África antiga ou ainda do Feudalismo, haviam sorrisos diferentes.
Uma cumplicidade entre os alunos do projeto se construía e contagiava o
restante da turma. Era como se trouxéssemos os nossos processos de descoberta
para a aula cotidiana. E aí não se sabia mais onde começava a aula e onde
terminavam os encontros do projeto Narrativas
Multimidiáticas.
A nossa pintura que começou ali na Sala de Leitura
com alguns alunos, professores e bolsistas de iniciação à docência está cada
vez maior. Aquela primeira tela ficou pequena, então talvez precisemos de
muitas outras formas de telas e pintores. Se você, leitor, chegou até aqui, é
possível que já esteja com os dedos sujos de tinta, é que isso de pintar a vida
acaba saindo do controle da gente.
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