Total de visualizações de página

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Araribóia

Antes que os portugueses se lançassem na guerra pela ocupação da Guanabara, os índios que ocupavam a região da ilha de Paranapuã eram chamados de maracajás (“índios do Gato”, em tupi), liderados por Maracajaguaçu (o “Grande Gato”). Viviam em guerra com os vizinhos tamoios. Sentindo-se ameaçados, solicitaram aos portugueses quatro embarcações, a fim de fugirem para a capitania do Espírito Santo, onde se estabeleceram em 1555. Em terras capixabas, surgem as primeiras menções aos temiminós liderados por Araribóia, grupo que talvez tenha se originado de uma dissidência dos maracajás. O que se sabe é que, ao chegarem ao Espírito Santo, alguns desses índios provenientes do Rio de Janeiro se embrenharam pelo sertão e só seriam aldeados em 1562, com um novo chefe. Este já seria Araribóia.Ainda em 1555, Villegaignon, com o apoio dos índios tamoios, dominou toda a Baía de Guanabara e instituiu a França Antártica, região até então evitada pelos portugueses por causa da grande resistência dos nativos locais à sua dominação, mas de grande importância estratégica para os interesses franceses de obter o controle do comércio com as Índias. Ao voltar para a França para resolver alguns problemas relativos à sua administração, Villegaignon se ausentou e enfraqueceu o domínio francês no Rio de Janeiro, permitindo que os portugueses organizassem uma investida contra sua ocupação. Em 1560 Mem de Sá invadiu a Guanabara e tomou posse da região, deixando posteriormente o comando da guerra contra os franceses com seu sobrinho Estácio de Sá, este que recorreu à ajuda do cacique temiminó Araribóia. Além de manterem a aliança com os portugueses, para os temiminós a volta para o Rio de Janeiro era uma oportunidade que tinham de combater seus antigos inimigos, os tamoios, reconquistando o território que haviam abandonado. Liderados por Araribóia, os temiminós juntam-se a Estácio de Sá em investidas contra os franceses, com o objetivo de expulsa-los e se restabelecerem na região do Rio de Janeiro. Padre José de Anchieta sobre estes embates dizia que “acompanhava a frota um índio, de nome Arary-boia – que ficou registrado na história do tempo como Martim Afonso Araribóia – e que era amigo dos portugueses desde a época em que a terra de Piratininga fora desbravada. Agora, fizera companhia a Estácio para o ajudar a estabelecer-se na terra dos Tamoios”. Com o fim da guerra em 1567, Estácio de Sá ocupou a ilha de origem da tribo de Araribóia, dando a ela o novo nome de Ilha do Governador, mas para manter a segurança na Baía de Guanabara, Estácio de Sá insistiu que Araribóia não voltasse para Espírito Santo, e lhe concedeu poder de escolher uma parte das terras da “banda d’além”, ou seja, do outro lado da Baía, para se estabelecer com sua gente. Sem titubear, o cacique apontou para o outro lado da Baía e disse que queria a região de águas escondidas, que em tupi-guarani significa Niterói.A aliança com tribos indígenas era de extrema importância para a defesa do território na luta contra outras tribos hostis e contra piratas na costa, principalmente no início da colonização, na medida em que eram os maiores conhecedores do território ocupado. Desta maneira os portugueses tinham o hábito de valorizar os líderes nativos que os apoiavam, oferecendo aos chefes indígenas concessão de favores, títulos, patentes militares e nomes portugueses de prestígio. Araribóia foi batizado como nome de Martim Afonso de Sousa, agraciado com o Hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo, e recebeu uma tença (pensão) de 12 mil-réis. Além disso, recebeu o posto de capitão-mor da aldeia de São Lourenço e tornou-se proprietário de casas na Rua Direita (atual 1° de Março), onde residiam os notáveis do Rio de Janeiro, incluindo o governador. Seu casamento foi realizado com grande pompa, digna dos altos mandatários do Reino. A aliança com os portugueses também era estratégica para os grupos indígenas, já que para muitos deles, isto significava segurança, algo cada vez mais difícil de ser alcançado nos sertões onde guerras, massacres e escravizações eram freqüentes.

Por |Tatiane Amorim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário